quinta-feira, 19 de julho de 2012

O que vai para o Aterro Sanitário?


Como parte do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, a estagiária do curso de engenharia ambiental, Raquel Gomes de Almeida realizou um estudo no aterro sanitário municipal, no período de 2 de abril á 22 de junho. O estudo caracterizou e determinou a porcentagem em peso de cada tipo de resíduo vindo dos bairros e do distrito de Taquara Verde.
Ao todo 22 bairros foram analisados, estando eles divididos em oito setores. Para a realização deste estudo foram coletadas amostras diretamente do monte de resíduos do topo, do meio e da base. Para realizar a separação e a pesagem dos resíduos, foi montada uma barraca localizada ao lado do aterro.
Segundo Raquel, no período de estudo, “a empresa responsável pela operação do aterro recebeu 2.261.529 Kg de resíduos de todo o município. Para saber a quantidade gerada por dia de cada habitante, foram realizados cálculos que estipularam uma quantia de 0,438 Kg por habitante”, relata.
O estudo apresentou que 23,95% do material que é destinado ao aterro pode ser reciclado. Sendo assim, Raquel explica que “uma alternativa que pode ser estudada para prolongar a vida útil do aterro é a implantação de uma usina de triagem, para a separação deste material reciclável”.
As porcentagens de produção de cada resíduo são apresentadas no gráfico abaixo:

Gráfico 1: Porcentagem total de RSU gerados pela população de Caçador no período de 02/04/2012 á 22/06/2012
Fonte: ALMEIDA, 2012

O estudo de cada setor
O setor 1, composto pelos bairros Bello, N. Sra Salete, Rancho Fundo, São Cristóvão e Gioppo, foram amostrados 630,838 Kg de resíduos, destes 10,287 Kg de metal, 222,025 Kg de orgânico, 33,991 de papel, 44,988 Kg de plástico duro, 47,378 Kg de plástico mole, 109,251 Kg de rejeito, 0,114 Kg de RSSS,138,435 de material sanitário, 21,899 Kg de vidro, 2,406 Kg de material eletrônico e 0,064 Kg de pilhas, sendo que lâmpadas fluorescentes não apareceram nas amostras estudadas.
Raquel explica que o setor 1 é o sétimo setor que mais gera resíduos por habitante/dia. “Esse resultado atribui-se ao fato de que a coleta convencional é realizada três vezes por semana e o sistema de coleta seletiva está implantado e em funcionamento. Porém vale ressaltar que 25,51% dos materiais estudados neste setor podem ser reciclados, isso sugere que apesar da geração de resíduos ser baixa, o problema relacionado a coleta seletiva, está no fato de que a população ainda descarta estes materiais juntamente com o material da coleta convencional, ou descarta fora do horário da coleta seletiva. Este fato deve ser levado em consideração na elaboração de políticas públicas pontuais neste setor visando aperfeiçoar o processo de coleta seletiva, para torna-lo mais eficiente”.

Gráfico 2: Porcentagem dos RSUD do Setor 1
Fonte: ALMEIDA, 2012
O setor 2, composto pelos bairros DER, Santa Catarina, Vila Kurtz e parte do Bairro Reunidas, foram amostrados 10,623 Kg de metal; 222,351 Kg de orgânico; 32,475Kg de papel; 34,371 Kg de plástico duro; 47,568 Kg de plástico mole; 128,198 Kg de rejeito; 0,428 Kg de RSSS; 154,046 Kg de material sanitário; 14,343 Kg de vidro; 0,058 de material eletrônico e 0,084Kg de pilhas.
O estudo apresenta que este setor é o sexto que mais gera resíduos sólidos. Assim como no setor anterior a coleta convencional é realizada três vezes por semana, possui coleta seletiva implantada, porém, 25,141% dos materiais estudados neste setor são materiais recicláveis. “Sendo assim este setor apresenta o mesmo problema do setor anterior, a população ainda descarta estes materiais juntamente com o material da coleta convencional, ou não descarta fora do horário da coleta diferenciada”, relata Raquel.

Gráfico 3: Porcentagem dos RSUD do Setor 2
Fonte: ALMEIDA, 2012
O setor 3, formado pelos bairros, Paraíso, Municípios, Champagnat e parte do Bairro Reunidas, foram amostrados 8,355 Kg de metal; 295,108 Kg de orgânico; 52,560 Kg de papel; 32,707 Kg de plástico duro; 48,376 Kg de plástico mole; 106,240 Kg de rejeito; 0,094 Kg de RSSS; 102,482 Kg de material sanitário; 14,845 Kg de vidro; 0,068 de material eletrônico, 0,794 Kg de lâmpadas fluorescentes e 0, 220 Kg de pilhas.
Estes bairros figuram no segundo setor que mais gera resíduos sólidos por habitante/dia, sendo que destes 26,14% dos materiais poderiam ser reciclados. “Apesar de as iniciativas de coleta seletiva terem iniciado no Bairro Paraíso (SILVA, 1999), ainda existe grande produção diária de resíduos. É um setor que localiza-se próximo ao centro da cidade, com moradores de classe média, o que configura habitantes com poder aquisitivo mais elevado, sendo assim o consumo é maior, consequentemente a geração de resíduos também será maior”, afirma Raquel.

Gráfico 4: Porcentagem dos RSUD do Setor 3
Fonte: ALMEIDA, 2012
O setor 4, composto pelos bairros Martello, Industriais e Aeroporto, foram amostrados 12,990 Kg de metal; 239,010 Kg de orgânico; 34,104 Kg de papel; 35,753 Kg de plástico duro; 50,153 Kg de plástico mole; 121,971 Kg de rejeito; 4,546 Kg de RSSS; 134,353 Kg de material sanitário; 25,505 Kg de vidro; 1,846 de material eletrônico, 0,104 Kg de lâmpadas fluorescentes e 0, 130 Kg de pilhas.
“Este setor é o oitavo que mais gera resíduos por habitante, vale ressaltar que dentre todos os setores é o local onde existe grande concentração de pessoas de baixa renda, sendo assim supõem-se que o nível de conhecimento sobre o assunto seja limitado e nem sempre existe a separação ou disposição do material para coleta. Vale ressaltar que cerca de 24,29% dos materiais amostrados poderiam ser reaproveitados ou reciclados”, afirma a responsável pelo estudo.


Gráfico 5: Porcentagem dos RSUD do Setor 4
Fonte: ALMEIDA, 2012
No setor 5, composto pelos bairros Alto Bonito, Bom Sucesso e parte do Berger, foram amostrados 11,708 Kg de metal; 238,565 Kg de orgânico; 42,397 Kg de papel; 37,242 Kg de plástico duro; 51,715 Kg de plástico mole; 147,894 Kg de rejeito; 0,683 Kg de RSSS; 121,975 Kg de material sanitário; 13,158 Kg de vidro; 0,144 de material eletrônico, 0,500 Kg de lâmpadas fluorescentes e 0, 092Kg de pilhas.
Raquel relata que este é o quinto setor que mais gera resíduos, e que na prática foi um dos setores mais difíceis de ser amostrado, pois apresentava mistura de todos os tipos de materiais em um único saco ou sacola. “Devido  a esta dificuldade de separação, é importante que políticas de educação ambiental voltados ao tema sejam aplicados especificamente neste setor, visando orientar a população sobre a importância dos cuidados com os materiais e os benefícios do descarte adequado dos resíduos, sendo que 23,54% dos materiais podem ser reciclados”.

Gráfico 6: Porcentagem dos RSUD do Setor 5
Fonte: ALMEIDA, 2012

No setor 6, Figueroa, Sorgatto, Bom Jesus e parte do Berger, foram amostrados 9,768 Kg de metal; 292,290 Kg de orgânico; 42,602 Kg de papel; 31,812 Kg de plástico duro; 49,459 Kg de plástico mole; 126,842 Kg de rejeito; 0,290 Kg de RSSS; 119,299 Kg de material sanitário; 15,645 Kg de vidro; 0,306 de material eletrônico, e 0, 156 Kg de pilhas.
Este é o terceiro setor que mais gera resíduos, também localizado próximo ao centro da cidade com habitantes de classe média e poder aquisitivo mais elevado. Apresenta 21,73% de material reciclável.

Gráfico 7: Porcentagem dos RSUD do Setor 6
Fonte: ALMEIDA, 2012
No setor 7, foram amostrados 14,612 Kg de metal; 219,183 Kg de orgânico; 46,902 Kg de papel; 41,083 Kg de plástico duro; 46,985 Kg de plástico mole; 96,474 Kg de rejeito; 4,842 Kg de RSSS; 63,219 Kg de material sanitário; 28,496 Kg de vidro; 2,096 de material eletrônico, 0,044 de lâmpadas fluorescentes e 0,300 Kg de pilhas.
Este setor é local onde existe a maior produção per capta do município, não é o setor mais populoso, porém é onde se concentram os centros comerciais, restaurantes, lanchonetes, bares, além de ser um bairro predominante de classe média alta. “Apresenta 31,93% de material passível de reciclagem, neste setor percebe-se uma grande quantidade de material que deveria estar sendo coletado através do programa de coleta seletiva, mas por alguma razão é encaminhado ao aterro. Uma explicação para este fato é que a coleta convencional por ser realizada todos os dias não deixa o material reciclável na lixeira para que este seja coletado. Devido a isso, é necessário investimento em conscientização da população e esclarecimento sobre os horários que o caminhão da coleta seletiva passa no bairro, bem como a orientação dos garis responsáveis por este setor, para que quando identifiquem material reciclável, não realizem a coleta.


Gráfico 8: Porcentagem dos RSUD do Setor 7
Fonte: ALMEIDA, 2012

No setor 8, foram amostrados 16,477 Kg de metal; 297,477 Kg de orgânico; 26,673 Kg de papel; 31,157 Kg de plástico duro; 33,164 Kg de plástico mole; 109,023 Kg de rejeito; 0,628 Kg de RSSS; 142,360 Kg de material sanitário; 23,766 Kg de vidro; 0,402 de material eletrônico, e 0,202 Kg de pilhas.
Este último setor é o quarto que mais gera resíduos. Nele a coleta convencional é realizada uma vez por semana, fator que dificultava muito a separação dos materiais, visto que boa parte deles não se preservava seco. “A população é carente sendo que uma parcela da população tem renda de meio salário mínimo e outra parcela tem renda de R$ 140,00 como descreve (BOLSA FAMÍLIA, 2011), porém é o setor que menos gera materiais recicláveis, sendo que 17,65% correspondem a este tipo de material. Devido a grande diferença de percentual destes materiais com relação aos outros setores, sugere-se que estes materiais estejam sendo descartados de forma alternativa, como queimados e até mesmo sendo descartados de maneira ilegal em matas”, afirma Raquel.

Gráfico 9: Porcentagem dos RSUD do Setor 8
Fonte: ALMEIDA, 2012
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A conclusão do estudo

Ao comparar o estudo deste ano com outro realizado em 2009, nota-se que o percentual de matéria orgânica era 35,8% e aumentou para 38,898%. “Isto indica um aumento no consumo de alimento, explicado logicamente pelo crescimento populacional e aumento do poder aquisitivo da população”. Com relação aos recicláveis a porcentagem em 2009, citada por Kleine era de 28%, neste estudo o valor estabelecido foi de 23,7 %, apresentando redução de 4,3%, que pode ser um indicativo de aumento na adesão ao programa de coleta seletiva. “Considerando que os materiais recicláveis, ao invés de descartados junto aos resíduos úmidos são segregados e dispostos para a coleta diferenciada”, completa Raquel.
Com esta comparação dos estudos realizados em 2009 e em 2012, Raquel explica que o programa de coleta seletiva é uma política pública eficiente e produz resultados positivos para a minimização dos impactos ambientais negativos, com o consequente aumento de vida útil do aterro. “No entanto, cabe ressaltar que sugere-se medidas pontuais para intensificar as atividades de educação ambiental em determinados setores, tendo em vista resultados que apresentam mais e 30% de material seco passível de reciclagem”, conclui.

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